sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Silêncio, vazio, culpa, esperança

Todo final de semana começa o mesmo inferno. O alívio de todas as obrigações concluídas e dúvida do que fazer depois. Saber que eu tenho todo o tempo do mundo mas que, ao mesmo tempo, tudo vai perder a graça.

Saber que o silêncio vai me corroer. Que eu vou fazer tudo o que eu quero: ler, ver séries, cozinhar, dormir bastante, limpar a casa... Inventar mais coisas pra fazer. Terminar tudo, ficar no tédio, tentar preencher meu tempo com mais coisas. E, mesmo assim, sentir que falta algo. Porque a falta que eu sinto é humana. De diálogo, conversa, companhia.

Vou olhar para meu celular em busca de uma companhia. Telefone na mão, enviarei mensagens. Lembrar de todos que já me deixaram sozinha. Ver a última vez que conversei com alguém, ainda me chocar ao ver quanto tempo faz. Concluir que, mais uma vez, passarei o final de semana completamente sozinha.

Depois, vou ver também pelo celular todos aqueles que, diferente de mim, não estarão sozinhos. Me sentir a única nessa situação. A próxima etapa é simples: passar a me questionar "porque eu?", "o que tem de errado comigo?, "porque só eu não tenho a companhia de um amigo, um familiar, um parceiro?". Onde eu errei?

Aciono minhas fugas. A bebida pra esquecer. Dormir pra esquecer. Questionar o sentido da vida. Me revoltar com os outros pra justificar um vazio que é responsabilidade só minha. Pensar que eu só fiz amigos errados, lembrar que minha família sempre me deixou sozinha. Que a solidão nem sempre foi física, mas que nunca tive com quem contar.

Suplicar pra Deus para que isso passe. Insistir que eu tenho mais um pouquinho de fé. Que é questão de perspectiva. Que é só drama. Que, embora eu esteja realmente sozinha, eu não estou. Eu preciso acreditar. Só eu posso me ajudar.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Assumo o que quero

 Em 2020 comecei a assumir o que eu quero quando se trata de relacionamentos (amizades e namoros). Posso ter me iludido 199x fingindo que tava ok ter algo casual quando eu não queria algo casual. Posso ter me enganado chamando de amigo alguém que passa meses sem se importar.

Hoje eu assumo que só quero amizades com quem se faça presente e se importe comigo. Assumo que to tentando abrir meu coração e me permitir amar (o que não inclui lances q duram 3 meses com quem acha conveniente estar com a gostosa que sou).

Eu tive que receber muita frieza dos outros pra ver que eu não quero ser tratada com frieza. Eu sei o que eu quero, o que eu ofereço e sei a hora de ir embora de quem n pode me oferecer o que quero.

domingo, 18 de outubro de 2020

Meu velho amigo, o silêncio

 Me acostumei a ficar sozinha, mesmo sendo alguém que ama estar em companhia. Acredito que isso demonstre que venho curtindo mais minha companhia e que eu sei equilibrar o tempo que preciso para mim e o que posso dividir. 

Por um lado, é foda ficar sozinha quando existe um mundo tão grande para desfrutar (não que eu possa nesse momento pandêmico). É foda quando estar sozinha significa que mais uma vez eu tive uma relação fracassada. Quando estar sozinha não é o que eu queria.

Por outra perspectiva, é tão bom finalmente estar sozinha depois de ser sufocada por alguém. É bom ter um momento para mim depois de, mais uma vez, me negligenciar. Eu sempre esqueço de mim quando estou com alguém. Me perco no outro e no "nós".

Nas últimas semanas, voltei a meu ritmo de leitura, cuidei de mim, fiz pequenas coisinhas. Centrar-me é revigorante. Todo término é libertador, mas os dias seguintes são difíceis. 

Como sempre, achei que não havia o que superar. Mas trouxe à tona outra dor antiga, de outra relação sem sucesso. Será que eu nunca o superei, na verdade? Esse luto é sobre quem? O vazio é de quê, na realidade? Depois da necessidade de deixar o outro que sufoca, o silêncio aumenta e sobra mais tempo. Mas tempo pra quê?

O silêncio me faz refletir, questionar, chorar. Em alguns momentos, também me faz sentir vazia e inadequada. Eu quero saber porquê mais uma vez ter dado errado. Eu quero saber se um dia eu vou deixar de viver essa sensação. Me questiono se existe um relacionamento no futuro me esperando e se um dia vou rir lembrando do tempo em que duvidei que encontraria esse parceiro. Essas reflexões são boas e ruins.

Aprendi há algum tempo que preciso aceitar o luto, o vazio, o silêncio. Take it easy. Levar o tempo necessário para superar. Preciso de mais silêncio, de mais tempo, de mais oportunidades e, quem sabe, de novas experiências pra responder a essas questões.

23/09

Tenho tanto orgulho da minha trajetória e sou tão grata pela oportunidade dessa vida que todo aniversário é emocionante. Nesses 25 anos eu vivi tanta coisa! Este último ano foi muito marcante. Rolou um trabalho de autoconhecimento muito intenso. Foi um ano de muito "basta". Encontrei hobbies que vêm me ajudando a criar uma nova versão de mim. Finalizei uma fase importante e comecei um novo capítulo da minha vida. Foi difícil, mas bom!

Nunca estive tão satisfeita com minha autoimagem como estou agora. Isso significa que nunca me aceitei tanto como sou, por dentro e por fora, com qualidades, defeitos e imperfeições. Tenho tido mais carinho, sido mais amiga do meu espelho, me perdoado mais.




domingo, 20 de setembro de 2020

Recorrências

Neste domingo, vivi o silêncio e tive pensamentos que não eram novos. A recorrente sensação de vazio pós término. A recorrente questão: o quanto vale a pena ceder para estar em uma relação? O recorrente medo de que vou ficar sempre sozinha.

Com minhas últimas relações, aprendi um pouquinho mais a equilibrar meu desejo de ter uma companhia com o nível de exigência que preciso manter. A primeira lição é que todos precisam de companhia, e querer estar numa relação não me torna uma pessoa desesperada por um namoro. Até porque, se estivesse desesperada, não escolheria abrir mão do segundo relacionamento em menos de um ano. Também aprendi a identificar costumes dos meus parceiros que eu não acho toleráveis, para evitar viver mais de uma vez situações que sei que não me fazem bem ou posições nas quais eu não devo ser colocada.

Todos eles me ensinaram muito e foram boas companhias em algum momento. Outra semelhança é que todos, de alguma forma, me fizeram me sentir inadequada com quem sou. Antes, o distanciamento e frigidez geravam a impressão de que eu não era especial o suficiente. Hoje, intensos carinhos, atenções e cuidados me fazem sentir colocada na posição de ser alguém dependente e que precisa muito de cuidados. 

Ambos extremos me levam a pensar que estive com pessoas que não me enxergavam. Será que eu me mostrei como sou? O que leva alguém ter uma visão tão distorcida de outra pessoa? O que alguém vê em nós, diz respeito a nós mesmos ou a quem olha? 

Eu deveria ter continuado com alguém que não tinha previsão de me inserir na vida e não expressava o que sentia por mim, mas que me causou os prazeres mais intensos? Eu deveria continuar com alguém que, de forma frequente, me coloca numa posição de fragilidade, mas que também me enche de atenção? Essas pessoa me valorizaram? Me enxergaram?

Tomei mais uma vez a decisão de preferir a solidão e o vazio a tolerar demais. A engolir o que não me agrada. A evitar discussões sobre coisas que são importantes para mim. O preço é caro, mas sei que quem leva a vantagem sou eu. Só eu preciso de mim. 


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Lágrimas de novas fontes

Costumo dizer que sei que amei um cara se já chorei por ele. Amor não devia gerar sofrimento. Será que já amei?

terça-feira, 28 de abril de 2020

Sobre você, com carinho

ouvindo Magic, Colbie Caillat

É lindo o jeito como você vê o lado bom da vida. Manter-se positiva e esperançosa sobre o futuro. Oferecer carinho, atenção e cuidados para quem quer que esteja ao seu redor. Ok, talvez você pudesse ser menos terrorista consigo mesma, porque você SEMPRE se sai melhor do que você imagina que seria.
Sua capacidade de adaptação é admirável. Você esteve em tantos lugares e em todas as vezes conseguiu se inserir neles, mesmo nas vezes que não havia um encaixe perfeito ou um espaço ideal para você. Você cultiva a vida como ela deve ser: vendo o copo sempre meio cheio, "vivendo apesar de" e fazendo seus dias valerem a pena.
Mesmo agora, que não está tudo bem, eu sei que você está se esforçando. Essa lista de coisas a fazer preenchida nos mostra isso. Você não vai parar pois sabe que precisa sair do lugar. Que bom que você aprendeu que o tempo que você se dedica a você é o que mais valerá no futuro. Admiro suas leituras e como você lê por prazer, sem se importar com cobranças sobre o que seria "relevante".
Sei que você já sentiu muito o peso de cobranças alheias, e creio que ainda sinta um pouco. A que você mesma coloca em si fica muito evidente. Mas é reconfortante ver todas as cobranças que você abandonou, pois foram muitas. E que leveza você garantiu depois disso!
Tenho outra coisa para te dizer. Quando você duvida de si, você permite que outros duvidem também. Seja pelo seu potencial acadêmico, por sua habilidade profissional ou por sua beleza. Você é muito inteligente, você tem feito o melhor que pode e, preste atenção: veja beleza em você antes de esperar que mais alguém veja. Às vezes você diz que vê, mas quer que alguém também diga. Você é.

Até quando você tem problemas, é nítido que você quer sair dessa. Voltar a estudar francês é uma prova de como você se cura e se restaura. Lembre-se com orgulho disso. E deixe o passado para trás.