quinta-feira, 9 de julho de 2015

Adeus provisório

Espirrei muito tirando toda a poeira das minhas coisas. Da minha vida também. Tirei tudo do lugar. Tudo estava, metaforicamente, no mesmo lugar a um ano e meio. Vasculhei meus papéis, minhas roupas, meus móveis. Exatamente tudo que eu havia colocado na minha vida. Empacotei, joguei fora, separei, identifiquei o que vale manter ou não.
Cheguei nessa casa azul determinada a ser mais feliz, leve e tranquila. Mentalizando a minha constância: de que tudo vem para o bem, que toda mudança é positiva. Cheguei com a certeza que muito viria nesse lugar. E veio.
Fazem um ano e meio. Milhares de lembranças maravilhosas e momentos inesquecíveis. Quanta gente passou por aqui. Quantos pensamentos e emoções não senti nessa casa, tão querida para mim. Tanta gente passou por aqui. Tantas histórias. Algumas marcas jamais sairão de mim.
Fico com a marca do dia-a-dia que passa despercebido. O meu trocar de roupa no canto do guarda-roupa, o afastar da minha cama na hora de dormir, o prego no chão que estava um pouco pra fora. minha rotina e os detalhes que a gente não repara, mas que fazem parte de quem somos.
Hoje estou partindo. Sei que voltarei, mas hoje o que me toca é a partida. Esvaziar seu mundo e se abrir a um novo é um desafio que todos deveriam se permitir. Aqui é maravilhoso, mas talvez seja confortável demais. Preciso de um mundo novo, olhar através de outras perspectivas. Aprender mais, evoluir mais, encontrar mais um pouco quem eu realmente sou.
Em seis meses volto para essas mesmas paredes, para olhar pelas mesmas janelas. Espero ver coisas diferentes. Pois serei outra pessoa. Saio daqui com o coração apertado por tudo o que estou deixando, contente pelo que levo e ansiosa pelo que trarei. E a vida segue. A despedida é provisória.

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