terça-feira, 2 de maio de 2017

22.06.2016 Sobre o que a gente encontra depois de algum tempo

A morte de alguém, quando esta não morreu e se manteve presente na minha vida, foi o que mais me mudou. Mudou não porque eu quis, mas porque era necessário. Eu não podia manter em mim, na minha vida, na minha casa ou na minha cama alguém que, por mais que quisesse estar ao meu lado, não poderia estar lá.
Quem era eu sem ele? Como eu poderia viver sem aquela pessoa que fez de mim quem eu sou? Meu corpo sentia a falta do corpo dele e minha noites eram vazias sem alguém que estivesse ao meu lado na cama. Eu o amava, e ele, espero eu, me amava também. Mas amar não bastou para nós evitarmos esse fim.

Minha dor foi substituída pela tentativa de encontrar milhões de preenchimentos. A cada vez que eu trazia algo para o afastar, mais eu o trazia para perto de mim. Talvez se ele estivesse realmente partido, seria mais fácil. Se ele realmente tivesse partido, eu não teria que encarar recorrentemente tudo o que foi. A vergonha que é olhar. A raiva que dá. A tristeza. A saudade. Não é que eu não pudesse viver longe dele, pois eu podia, e passei a viver. O ponto é que a presença dele é uma história de um passado distante. E embora tenha passado, eu nunca soube explicar o porquê. 
Infelizmente, acho que as vezes precisamos de alguns porquês para resolvermos dentro de nós algumas coisas. Não sei quando vou encontrar esses porquês. Mas tenho esperança.


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