A morte de alguém,
quando esta não morreu e se manteve presente na minha vida, foi o que mais me
mudou. Mudou não porque eu quis, mas porque era necessário. Eu não podia manter
em mim, na minha vida, na minha casa ou na minha cama alguém que, por mais que quisesse
estar ao meu lado, não poderia estar lá.
Quem era eu sem ele?
Como eu poderia viver sem aquela pessoa que fez de mim quem eu sou? Meu corpo
sentia a falta do corpo dele e minha noites eram vazias sem alguém que
estivesse ao meu lado na cama. Eu o amava, e ele, espero eu, me amava também.
Mas amar não bastou para nós evitarmos esse fim.
Minha dor foi
substituída pela tentativa de encontrar milhões de preenchimentos. A cada vez
que eu trazia algo para o afastar, mais eu o trazia para perto de mim. Talvez
se ele estivesse realmente partido, seria mais fácil. Se ele realmente tivesse
partido, eu não teria que encarar recorrentemente tudo o que foi. A vergonha
que é olhar. A raiva que dá. A tristeza. A saudade. Não é que eu não pudesse
viver longe dele, pois eu podia, e passei a viver. O ponto é que a presença
dele é uma história de um passado distante. E embora tenha passado, eu nunca soube explicar o porquê.
Infelizmente, acho que as vezes precisamos de alguns porquês para resolvermos dentro de nós algumas coisas. Não sei quando vou encontrar esses porquês. Mas tenho esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário