domingo, 12 de novembro de 2017

As memórias que preciso hoje

Um pensamento e pronto. As lembranças voltam, de forma lenta, a me invadir. Quem diria que eu, alguém que se preocupa tanto com lembranças e detalhes, esqueceria cada memória de seis meses de vida?
Cada vez mais, basta uma lembrança para desencadear uma série de reflexões sobre tudo o que passei. A loja que entrei mas não comi nada, a garrafa de bebida rosa que comprei quando o supermercado estava fechando, o café que tomei no dia que me perdi, o bar bonito com poltronas confortáveis que prometi voltar.
Lembranças leves, uma por uma, trazem de volta a mim a sensação de que foi ocorreu bem, afinal. Essas lembranças, mais do que doces memórias, me fazem me questionar e duvidar do que senti.
Foi ruim? Eu enganei minha cabeça? O que aconteceu? De onde vem o trauma que sinto?
Assim como as demais pessoas, que custam a acreditar em mim, eu venho me questionando. Essa pode ser uma forma de tentar retomar minha vida de forma positiva. Mas no fundo, realmente quero acreditar que as lembranças eram o todo e que eu me enganei. Eu esqueci.
É mais fácil acreditar que tudo não foi verdade do que enfrentar o problema inconsciente que vivi. É mais fácil fingir que a dor não existiu do que encarar e buscar uma resposta que a 2 anos tento encontrar.

Hoje, me basta o aroma de café, a lembrança das ruas lotadas, a memória da roupa que experimentei. Por hoje, é tudo o que preciso.

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