Um pensamento e pronto. As lembranças voltam, de forma lenta,
a me invadir. Quem diria que eu, alguém que se preocupa tanto com lembranças e
detalhes, esqueceria cada memória de seis meses de vida?
Cada vez mais, basta uma lembrança para desencadear uma
série de reflexões sobre tudo o que passei. A loja que entrei mas não comi
nada, a garrafa de bebida rosa que comprei quando o supermercado estava
fechando, o café que tomei no dia que me perdi, o bar bonito com poltronas
confortáveis que prometi voltar.
Lembranças leves, uma por uma, trazem de volta a mim a
sensação de que foi ocorreu bem, afinal. Essas lembranças, mais do que doces
memórias, me fazem me questionar e duvidar do que senti.
Foi ruim? Eu enganei minha cabeça? O que aconteceu? De onde
vem o trauma que sinto?
Assim como as demais pessoas, que custam a acreditar em mim,
eu venho me questionando. Essa pode ser uma forma de tentar retomar minha vida
de forma positiva. Mas no fundo, realmente quero acreditar que as lembranças
eram o todo e que eu me enganei. Eu esqueci.
É mais fácil acreditar que tudo não foi verdade do que
enfrentar o problema inconsciente que vivi. É mais fácil fingir que a dor não
existiu do que encarar e buscar uma resposta que a 2 anos tento encontrar.
Hoje, me basta o aroma de café, a lembrança das ruas lotadas,
a memória da roupa que experimentei. Por hoje, é tudo o que preciso.
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