domingo, 15 de abril de 2018

Planos meus, planos nossos

Era 2014. Percebi que toda e qualquer ação do meu interesse deveria partir de mim. Eu, que sempre insegura, coloquei por muito tempo minhas vontades dentro de um outro alguém, havia finalmente me libertado.
Eu viajei. Eu decidi fazer compras que não teria feito sem a aprovação alheia. Eu conheci pessoas que queria por atitude e coragem própria. Eu fiz amigos por não ter esperado que outros viessem ser meus amigos. Eu fui tão feliz.
Hoje, um tempo depois, me retornou à mente essa premissa. E, relembrando dela, notei como eu a deixei de lado. Voltei a colocar meus desejos e expectativas como dependentes de um outro. Deixei o meu desejo em espera para poder esperar por um outro. Deixei de viajar pois aguardei que o outro lembrasse dessa minha ideia, deixei de conhecer lugares que queria por escutar uma opinião alheia. Foram tantas coisas.
Por um tempo, fui recriminada por decidir sozinha coisas que deveriam (será?) ser decididas em comum acordo por dois. Me falaram que eu decidia e apenas informava. Quanto se tratam de mais de uma pessoa, é preciso consultá-las antes de tomar decisões.
Mas qual a solução? Eu devo propor o que já sei que quero? Sou eu egoísta por ter meus próprios desejos os quais não quero ceder? Será que cedo pouco, ou será que cedi tudo o que eu podia?
Eu não posso ser assim.
Preciso entender que existem dois tipos de planos: os meus, sozinha, e os meus sobre uma coletividade. Há sonhos cujas aprovações e opiniões não são necessárias. Há desejos nos quais eu não deveria querer/precisar de companhia para realizar.
Preciso marcar em minha mente e no meu corpo que só eu sou capaz de me fazer feliz e realizar meus desejos. Por mais pequenos que sejam, cabe a mim realizá-los. E, para isso, eu preciso entender quais planos são meus e não quero companhia, e quais planos eu criei para uma coletividade.
No fim das contas, minha frustração com os outros não é relativa a falta de atenção deles sobre mim, mas é um sinal que eu prestei mais atenção nestes outros do que em mim mesma. Sou eu o problema. Se eu vivesse minha completude, não veria problema no que os outros fazem ou deixam de fazer comigo. 
Assim, peço a mim mesma que mais uma vez lembre-se de entender o que é um desejo meu sobre mim, e o que é um desejo meu sobre a coletividade. Pense bem: você quer que esse seja um plano coletivo, ou você apenas queria companhia para esse plano seu?
Separe. Crie listas dos seus planos individuais, e dos seus planos coletivos. Dê tempo aos seus planos individuais. Pare de tentar inserir um outro neste seu plano, que é apenas seu. E viva. Volte a viver seus sonhos, volte a realizar pequenos desejos, volte a ter sua completude e a satisfação de realizar suas vontades. Aquelas vontades que são só suas.

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