domingo, 20 de setembro de 2020

Recorrências

Neste domingo, vivi o silêncio e tive pensamentos que não eram novos. A recorrente sensação de vazio pós término. A recorrente questão: o quanto vale a pena ceder para estar em uma relação? O recorrente medo de que vou ficar sempre sozinha.

Com minhas últimas relações, aprendi um pouquinho mais a equilibrar meu desejo de ter uma companhia com o nível de exigência que preciso manter. A primeira lição é que todos precisam de companhia, e querer estar numa relação não me torna uma pessoa desesperada por um namoro. Até porque, se estivesse desesperada, não escolheria abrir mão do segundo relacionamento em menos de um ano. Também aprendi a identificar costumes dos meus parceiros que eu não acho toleráveis, para evitar viver mais de uma vez situações que sei que não me fazem bem ou posições nas quais eu não devo ser colocada.

Todos eles me ensinaram muito e foram boas companhias em algum momento. Outra semelhança é que todos, de alguma forma, me fizeram me sentir inadequada com quem sou. Antes, o distanciamento e frigidez geravam a impressão de que eu não era especial o suficiente. Hoje, intensos carinhos, atenções e cuidados me fazem sentir colocada na posição de ser alguém dependente e que precisa muito de cuidados. 

Ambos extremos me levam a pensar que estive com pessoas que não me enxergavam. Será que eu me mostrei como sou? O que leva alguém ter uma visão tão distorcida de outra pessoa? O que alguém vê em nós, diz respeito a nós mesmos ou a quem olha? 

Eu deveria ter continuado com alguém que não tinha previsão de me inserir na vida e não expressava o que sentia por mim, mas que me causou os prazeres mais intensos? Eu deveria continuar com alguém que, de forma frequente, me coloca numa posição de fragilidade, mas que também me enche de atenção? Essas pessoa me valorizaram? Me enxergaram?

Tomei mais uma vez a decisão de preferir a solidão e o vazio a tolerar demais. A engolir o que não me agrada. A evitar discussões sobre coisas que são importantes para mim. O preço é caro, mas sei que quem leva a vantagem sou eu. Só eu preciso de mim. 


Nenhum comentário: