domingo, 18 de outubro de 2020

Meu velho amigo, o silêncio

 Me acostumei a ficar sozinha, mesmo sendo alguém que ama estar em companhia. Acredito que isso demonstre que venho curtindo mais minha companhia e que eu sei equilibrar o tempo que preciso para mim e o que posso dividir. 

Por um lado, é foda ficar sozinha quando existe um mundo tão grande para desfrutar (não que eu possa nesse momento pandêmico). É foda quando estar sozinha significa que mais uma vez eu tive uma relação fracassada. Quando estar sozinha não é o que eu queria.

Por outra perspectiva, é tão bom finalmente estar sozinha depois de ser sufocada por alguém. É bom ter um momento para mim depois de, mais uma vez, me negligenciar. Eu sempre esqueço de mim quando estou com alguém. Me perco no outro e no "nós".

Nas últimas semanas, voltei a meu ritmo de leitura, cuidei de mim, fiz pequenas coisinhas. Centrar-me é revigorante. Todo término é libertador, mas os dias seguintes são difíceis. 

Como sempre, achei que não havia o que superar. Mas trouxe à tona outra dor antiga, de outra relação sem sucesso. Será que eu nunca o superei, na verdade? Esse luto é sobre quem? O vazio é de quê, na realidade? Depois da necessidade de deixar o outro que sufoca, o silêncio aumenta e sobra mais tempo. Mas tempo pra quê?

O silêncio me faz refletir, questionar, chorar. Em alguns momentos, também me faz sentir vazia e inadequada. Eu quero saber porquê mais uma vez ter dado errado. Eu quero saber se um dia eu vou deixar de viver essa sensação. Me questiono se existe um relacionamento no futuro me esperando e se um dia vou rir lembrando do tempo em que duvidei que encontraria esse parceiro. Essas reflexões são boas e ruins.

Aprendi há algum tempo que preciso aceitar o luto, o vazio, o silêncio. Take it easy. Levar o tempo necessário para superar. Preciso de mais silêncio, de mais tempo, de mais oportunidades e, quem sabe, de novas experiências pra responder a essas questões.

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