domingo, 12 de maio de 2019

Um momento sobre mim

Costumo dizer que o mundo é grande demais e tem gente demais pra gente viver sozinhos. Acredito fielmente nisso. A complexidade do mundo está no desafio de conviver com os outros. Mas também está na descoberta de si mesmo e na luta pelo autoconhecimento. Nesse caso, eu não tenho frases de efeito que me ajudem a afirmar isso. Essa é uma luta que venho travado há menos tempo.
Mas tenho me policiado sobre a necessidade de estar mais ao meu lado do que ao lado dos outros. Eu tenho repensado quando dedico muito do meu tempo a alguém, e tão pouco dedicada a mim mesma. Na minha terapia, são as minhas relações que demandam resoluções, mas essas deveriam estar em segundo plano. Não por terem pouca importância, mas porque preciso saber me posicionar como sujeito antes de querer entender os outros.
Vejo alguns detalhes em mim que demandam cuidado: qual meu livro favorito? Quais são meus hobbies? O que eu mais gosto de fazer sozinha? O que eu faço quando estou sozinha, se é que eu fico sozinha? Quais são meus defeitos, minhas qualidades, minhas características que estão "na cara" quando eu procuro alguém para viver ao meu lado?
Eu analiso muito as pessoas e as situações. Mas me analiso bem menos. Eu consigo problematizar, por exemplo, porque uma amiga sempre se relaciona com caras que considera superiores a ela. Mas ainda estou apenas começando a investigar o porque sempre quero muita aprovação das pessoas com as quais me relaciono. A diferença é que eu conheço essa amiga há apenas um ano, mas convivo comigo já fazem 23 anos.
Ao mesmo tempo, a auto-análise que preciso praticar não precisa vir acompanhada da autocrítica. Essa já pratico mais do que o bastante. Talvez seja por isso, por medo de enfrentar meus defeitos que eu fuja tanto de me entender. Ou talvez porque até esse momento, eu não estivesse pronta. Aprendi na terapia que se conhecer é dolorido e que essa fase de descoberta a qual estou enfrentando é difícil mas recompensadora. Eu pelo menos acho que está tudo bem sofrer um pouquinho antes de ser feliz.
Mas espero fortemente que esse momento da felicidade esteja próximo. O momento da completude. Da compreensão dos motivos pelos quais faço certas coisas.
Também sei que a vida é um eterno aprendizado. Mas entender seus trajetos facilitam um pouco esse aprendizado, certo? Que meu caminho seja plano, florido, de céu azul e motivos que me façam sorrir. É pedir muito?




(E pensar que já fui tratada como egoista. Ahhh se eu tivesse sido).
Ao som de Riptide, Vance Joy

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